quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Musica como propaganda

Galera, estou postando mais um texto meu que escrevi para "O Estado de ideias", dessa vez estou falando sobre como as bandas de forró utilizam a sua música como meio de divulgação para os seus shows.



A música como propaganda

A música sempre encantou a humanidade, tanto que conhecemos verdadeiros impérios formados às suas custas. Desde o lançamento do LP, em 1948, diversos músicos disputaram para ser o artista com os discos mais vendidos do mundo. Em 1983, o fenômeno Michael Jackson atingiu, com seu álbum Thriller, a incrível marca de 104 milhões de discos vendidos. Esse recorde perdura até hoje e, provavelmente, será um recorde eterno, visto que, nos anos 90, a indústria da música sofreria um enorme revés.

A indústria fonográfica não esperava por tamanhas mudanças em tão pouco tempo: o que era inovação e tecnologia rapidamente se transformaria em pirataria. Com a chegada dos CDs, MP3 e programas de compartilhamento de arquivos P2P, músicas de artistas de todo o mundo eram pirateadas quase que livremente, causando enormes prejuízos às gravadoras. Os mais velhos (mas não tão velhos) devem se lembrar da épica batalha encabeçada por grandes bandas, como o Metallica, contra o Napster.

Nos dias de hoje, em Fortaleza, acontece uma verdadeira revolução neste cenário. Enquanto grandes gravadoras tentam fechar o cerco contra a pirataria e cobrar caro por seus discos, as produtoras de bandas de forró correm pela contramão e utilizam a distribuição gratuitas de CDs de seus conjuntos como principal meio de propaganda. A estratégia é bem simples, limita-se em divulgar a banda através do que ela tem de melhor, ou seja, sua música. Isso faz com que as músicas do grupo se tornem conhecidas e incita a vontade do forrozeiro de prestigiar a verdadeira fonte de renda das produtoras: o show de forró.

Ronald Benevides, agente de uma das bandas mais conhecidas da cidade, o Forró Novo Balancear, conversou com O Estado sobre a estratégia adotada pelo mundo do forró na capital. “Através da distribuição de CD's é que vem o maior reforço para a Banda. Distribuímos em porta de shows, praias e demais locais de grande circulação de nosso público alvo. Além disso, contamos com o apoio da web 2.0, fazendo sorteios de ingressos em sites de relacionamento como o Orkut e Twitter.” Ronald nos explica ainda que o tempo médio do retorno dessa estratégia, entre a distribuição do CD e o aumento do número de público em shows, é sentido em dois meses e garante ser um número bem expressivo.

Vale ressaltar que o forró é um produto que atinge todas as classes sociais e esse “pirateamento planejado” causa uma democratização no estilo e uma valorização da cultura regional. Resta-nos agora saber até quando as grandes gravadoras tentarão brigar contra a pirataria. O forró já percebeu: se não pode vencê-la, junte-se a ela.

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