sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A Noite


O sol, há muito já se foi mas não existe escuridão. As luzes da cidade não permitem, cada vez mais fortes, cada vez mais piscantes. Observo. Reflito. E continuo a caminhar.

Primeiro um pé a frente, logo em seguida o outro. Nunca ao mesmo tempo. Ao longe, ouço um forte estampido: Seria uma moto ou um tiro? Ignoro. Como tantos outros cidadãos de bem o fariam, simplesmente ignoro. E continuo a caminhar.

Passo por um romântico casal andando de mãos dadas, mais a frente, vejo outro, mais apaixonado que chega a ser vulgar. Atravesso a rua para não ser percebido. E continuo a caminhar.

O som de grilos foi substituído por sirenes, a brisa da noite por fumaça, a grama, asfalto. Sorte a minha, nasci aqui. Meu habitat. Conheço minha hierarquia nessa nova cadeia alimentar que os humanos criaram. Evito confusões. E continuo a caminhar.

Um comentário:

  1. A literatura é presente em seus textos, também, meu caro. Sabes ser um misto de poeta e cronista, parabéns!

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