sábado, 19 de setembro de 2009

Visão de um nascimento


São 4:29 da manhã e o despertador se prepara para tocar. Já é possível sentir os primeiros raios de sol adentrando o novo dia que chega. Um dia de muitas mudança na minha vida. 4:30, toca o despertador. Começa o dia.

Escuto a mesma música chata do despertador que ouço todos os dias e há meses esqueço de trocar. Olho o relógio, são 4:30! - Mais dez minutos - penso. Mas não, hoje não. Levanto e tomo o café. A esposa já está pronta e ansiosa, meus pais em uma felicidade sem tamanho. Entramos no carro e vamos ao hospital, cada minuto que passa aumenta a nossa ansiedade. A Sandra, minha esposa, já está preparada. E quanto a mim? Será que estou?

Deixo a câmera que alguns dias atrás peguei emprestada sempre a mão. - Quem vai acompanhar o parto? - pergunta a enfermeira. Instintivamente respondo que eu, mas será que eu aguento?

Vou me "fantasiar de médico" enquanto minha esposa está tomando a anestesia e aguardo. Aguardo. Aguardo. Cada minuto que passa e a mesma pergunta fica rondando pela minha cabeça. Será que vou aguentar? Sandra pronta. César nem tanto. Mas chega a hora. Sala de cirurgia e começa a cesariana.

Deslocado como cego em tiroteio, sou colocado bem ao lado da cabeça de minha esposa. Confesso que fiquei aliviado, pois a Sandra queria que eu filmasse o parto de frente e ainda me pergunto se seria capaz de fazer isso. Começo a filmagem. Digo, as fotografias, tendo em vista que uma enfermeira me avisou que não poderia filmar o parto. Quem me conhece sabe que eu não gosto de desobedecer regras.

A princípio, não me arrisco a filmar por cima da cortina que os médicos colocam para impedir que o operado olhe os cirurgiões "abrindo" sua barriga. Aos poucos vou me arriscando, mas nada muito sério.

Sandra estava calma. Uma calma tão grande que chegava a me deixar nervoso. - Está nascendo, você quer ver? - Perguntou o anestesista a ela. Claro que ela queria! São 8:25, ele então abre a cortina e podemos ver pela primeira vez nosso pequeno Bruno saindo de sua barriga. Uma criaturinha frágil que chegou ao mundo com uma cor acinzentada e foi ganhando a sua atual coloração rosada à medida que o oxigênio ia se espalhando pelo seu corpinho.

Pudemos, então, ouvir pela primeira vez o choro do bebê. Exatamente na mesma hora, escorria uma lágrima dos olhos da mais nova mamãe. Eu estava bobo. Muito emocionado. Até me atrevi a cortar o cordão umbilical e cortei. O Bruninho foi pesado e medido: 2.620 kg e 48 cm.

Após ser banhado e "empacotado," o bebê foi então conhecer a família que teve a imensa sorte de ganhar. Parecia gol em final de Copa do Mundo quando ele apareceu. Avós chorando, avô e tia gritando. Muita felicidade. Tanta felicidade que nem repararam que eu estava ao lado de bebê mas tudo bem, a estrela era ele.

Hoje, dois dias depois, minha família está aqui ao meu lado enquanto escrevo: minha esposa e meu filho. O pior é que ele está dormindo AGORA. Espero que de madrugada continue assim.

5 comentários:

  1. há 25 anos não sentia este tipo de emoção, Deus te ilumine Bruninho...

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  2. Éééé... E como não se emocionar lendo esse post? Parabéns César e Sandra! Realmente é indescritível a emoção de gerar uma vida! Felicidades mil a vocês!

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  3. Poxa, fico feliz que tenha conseguido emocionar tão distintos leitores! Obrigado!

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  4. chorei de emoçao lindo maravilhoso meu subrinho que Deus abençoe vc a Sandra e seu lindo filhinho ainda estou chorando bjos tia Dina

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