quinta-feira, 22 de abril de 2010

Causo Sertanejo Cap. I

Era outra preguiçosa tarde de outono. Uma leve brisa trazia consigo o lindo canto dos pássaros empoleirados na velha mangueira e refrescava aquele dia de muito sol. Deitado em sua rede estava Justino, personagem central de nossa história e preguiçoso convicto. Balançava a rede de um lado para o outro fazendo um som que descreverei utilizando a onomatopéia "nhec-nhec". Logo a noite cairia e tinha de se preparar para mais um dia sem fazer absolutamente nada.
Seus últimos oito anos de vida tinham sido um verdadeiro sonho. Por conhecer funcionários da prefeitura local, conseguira cadastrar três filhos inexistentes em programas do governo federal e vivia relativamente bem para as suas ambições de vida. Sua única (e para ele estressante) tarefa era o de ordenhar sua vaca, feito isso, o leite era entregue a Dona Francisca, sua patroa, que tinha todo o trabalho de fazer os mais gostosos derivados lácteos e ainda vendê-los no centro da cidade, enquanto Justino tomava cachaça e jogava dominó.
Só havia uma coisa que fizesse Justino se mexer: seu gato, o Milo. O amor pelo bichano era tanto que ele era capaz de fazer tudo pelo animal, até trabalhar. Era um bicho muito bonito. Com um fino e cuidado pêlo branco, tinha como marcas registradas uma mancha ao lado direito de seu focinho e a falta da ponta de sua calda, perdida numa briga com o galo do vizinho, davam uma característica única ao seu mascote. Ninguém sabe bem o motivo, mas Justino simplesmente o adorava.
Numa certa quarta-feira de sol, Justino andava despreocupado a caminho da bodega de Seu Malaquias para tomar seu famoso trago da tarde. Eis que um golpe do destino que só vemos em filmes, novelas e contos e em algumas lojas de departamento, lhe trazem os bons ventos. Na verdade, os bons ventos foi quem lhe trouxe uma nota de R$ 50,00 bem aos seus pés. Justino por um momento jurou que a onça lhe havia piscado. Hoje era o seu dia de sorte. Mas o que fazer com esse dinheiro?
Matuto safo que era, decidiu investir todo esse dinheiro.Investiu tudo em apostas de dominó com seus amigos de bar e, ao final do dia, estava acumulando a enorme quantia de R$300,00. Mas, e agora? As notícias corriam rápido na cidade sobre essa fortuna. O sentimento de raiva dos derrotados no jogo começavam a se manifestar. Dona Francisca descobrirá que Justino agora é um homem rico?
Mandem suas sugestões e ajude no desfecho desta história.

Um comentário:

  1. Adorei esse texto. Acho que a Dona Francisca tem que saber sim, porque ela trabalha pra caramba enquanto ele nao faz nada, ora!!!

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